AULAS MM-Berberis vulgaris

Atenção: esta aula é da inteira  responsabilidade  de seu autor

 L.Berberidaceae

O alcalóide principal é a Berberina, que em doses ponderais é um simpatocolítico e hipotensivo. Existem quantidades moderadas de Hidrastina, oxicantina, palmitina, berberamina e berberebina.

Berberis um remédio da Diátese úrica, por combustão insuficiente de seus dejetos de nutrição e por isso com problemas de oxidação.

• Sintomas maiores – em órgãos hepático, urinário e pélvis.

• Sintomas acessórios derivados dos precedentes, em relação ao artritismo do indivíduo e de uma ação secundária sobre mucosas.

• Locais de ação predominante:

•  Fígado – vesícula, canalículos e veias.
•  Rins – bacinetes e túbulos
•  Sistema nervoso
•  Aparelho ósteo articular – cápsulas articulares, bolsas serosas.
•  Pele – junção cutâneo mucosa, dorso das mãos, períneo.
•  Sistema venoso
• Ação fisiológica

•  FÍGADO E RINS – congestão aguda ou crônica

•  SISTEMA NERVOSO – depressão predominante, após breve excitação.

•  VEIAS – dilatações, hemorróidas, varizes.

• APARELHO OSTEO ARTICULAR – irritação

• Ação química perturbação metabólica das substâncias uréicas (uréia, ácido úrico), com deficiência de eliminação, levando a uma agressão endógena nas cápsulas articulares, canalículos hepáticos, vias biliares, tubos urinários e vias de eliminação intestinal, urinária e cutânea. (diferente de Colchicum que tem diarréia como eliminação).

Modo de ação:

A irritação aguda ou crônica dos rins, fígado, articulações e veias determina sua sobrecarga em produtos metabólicos mal desintegrados (uréia, ácido úrico, colesterol e outras substâncias precipitantes). A reação orgânica a todos esse níveis explica suas algias, espasmos e também suas modalidades.

Explicação fisiopatológica:

Em pequenas doses a ação excitante dos movimentos respiratórios e em altas doses a ação deprimente, com asfixia por paralisia dos movimentos respiratórios. O coração continua a bater.

A doença chamada Berberis é essencialmente aquela que é feita pela diátese gotosa ou úrica e, portanto de indivíduos que destroem mal seus dejetos, que os oxidam mal e que no lugar de atingir a combustão de suas matérias orgânicas, até CO2 e H2O, não produzem a combustão de moléculas pouco grosseiras e pp as moléculas com núcleo cíclico cuja cadeia é dificilmente rompida, tais como, a do ácido úrico e dos dejetos das nucleoproteínas, e dos aminoácidos cíclicos das proteínas alimentares. É uma pessoa de quem as oxidações estão retardadas e insuficientes em correspondência com o retardamento e a depressão circulatória de Berberis. Por essa insuficiência de oxidação se produz um fenômeno clássico por retardamento da nutrição:- uma diátese úrica com formação de concreções calculosas, dores reumáticas, dores renais e mais raramente formação de tofos.

O ácido úrico é formado como o produto final normal do metabolismo das purinas ou sintetizado a partir da xantina e hipoxantina sendo essas sucessivas oxidações catalisadas pela xantina oxidase ou diretamente dos componentes básicos das purinas, como a glicina, glutamina, ácido aspárgico e 5 fosforibosilo-pirofosfato.

Em resumo – a sobrecarga dos órgãos de desintoxicação (fígado, rins, articulações e veias) e o bloqueio emunctorial (vias biliares, intestino, pele e aparelho urinário) explicam que Berberis é ao mesmo tempo um remédio de algias e espasmos como de drenagem, entre os auto intoxicados (psóricos) ou neuro artríticos.

Os sintomas Mentais – estão na dependência do contexto somático.

• Apatia, melancolia, diminuição de memória.
• Ansiedade no crepúsculo, aversão à escuridão.
• Dores picantes, irradiantes, queimantes, erráticas, em todos os sentidos.
• Sensação de frio localizado
• Cefaléia em peso e entumescimento como por um casco apertado. Sensação de aumento de tamanho.
• Sensação de borbulhas, com dores pp renais, como pontadas borbulhantes na pele (como se borbulhasse água). Borbulhas em articulações.
• Cólicas hepáticas, bruscas, paroxísticas, intensas, pioram com pressão, movimento, que cortam a respiração. Dor na região vesicular e lobo esquerdo do fígado. Cólica por cálculo biliar. Cólica seguida de icterícia, fezes como massa branca. (promove o fluxo da bile).
• Obstipação com desejos freqüentes e fezes brancas, ou diarréia amarelada. Hemorróidas com prurido e ardor após defecar. Fístula anal.
• Centro de ação – Rim e Sistema urinário.Cólica renal pp à Esquerda, geralmente por litíase, com dores de qualquer tipo, com a característica que irradiam em todas as direções, pp ureter abaixo, bexiga e uretra, para músculos, panturrilhas… Acompanhada de adormecimento e rigidez lombar. Dores que < com movimento, pressão, sentando, recostado, e > parado. Micção urgente e freqüente. Dores na uretra ardentes, cortantes, antes, durante e depois de urinar. Variação da quantidade de urina – ora clara e abundante, ora concentradas, raras e escuras.
• Dores lombosacras, com sensação de adormecimento e irradiação para membros inferiores e urina vermelha (ácido úrico).
• Pele com prurido, eczema com prurido ardente que piora coçando e > com aplicações frias, pp em face dorsal das mãos e períneo. Persistência de mancha vermelha circular, por algum tempo depois de curado.

Explicação dos sintomas mentais –

A intoxicação artrítica em Berberis é em relação à degradação das nucleoproteínas que são formadas por – 1 molécula de ácido úrico, 1 açúcar pentose, 1 ácido fosfórico (indispensável ao funcionamento intelectual).

Como em Berberis essa dissociação está comprometida e o núcleo xântico derivado do ácido úrico não é bem degradado, o organismo não consegue utilizar a molécula de ácido fosfórico, levando a uma perda do ácido com diminuição do trabalho intelectual.

Os sintomas mentais são causados mais pela lentidão do que pela intoxicação, a Berberina não é muito tóxica. Apatia, indiferença, pelo que o cerca, impertinência, descontentamento, desgosto pela vida.

Explicação dos sintomas artríticos –

 O artrítico é um auto intoxicado por acúmulo de seus próprios dejetos metabólicos. Estes são levados pela circulação geral e com tendência a se decantar em lugares onde a circulação é abundante, porém lenta, como nas serosas articulares, tecidos fibrosos e ligamentares, lugares com declives, em fundo de saco, como as veias hemorroidárias e pequena bacia.

Os dejetos úricos são particularmente nocivos aos tecidos fibrosos e musculares.

Assim o artritismo de Berberis manifesta-se de preferencia nos membros (grandes músculos, tendões e ligamentos).

Dores musculares pp na região lombar (lumbago).

Dores picantes, lancinantes, os cristais do ácido úrico e do ácido oxálico provocam dilaceração das células musculares e fibrosas, aonde precipitam e irritam como agulhas (pela lei das assinaturas Berberis = espinho vinhoso).

Explicação dos sintomas hepáticos –

Em Berberis o fígado é muito atingido, pela sua analogia com os esteróis (= Quelidonina), e tem ação sobre o metabolismo do colesterol. Mas é mais do que isso, pois a lentidão das oxidações e a super produção de ácido úrico como resultado, intoxica o indivíduo, que porá em funcionamento os mecanismos de desintoxicação, sendo o fígado o principal deles.

O aumento de ácido úrico provoca obstrução e estase portal que irá causar obstrução esplênica, origem das dores em HE.

Porém o HD é que terá as dores características do remédio – puxantes, perfurantes, irradiantes à distância como Chel, mas sem a irradiação para omoplata D e sim para rim.

O fígado está ingurgitado, grosso e doloroso, com regurgitação de bile, edema ao nível do estômago, cólicas e distensão abdominal, evoluindo até uma crise calculosa e icterícia.

Da mesma forma que se formam os cálculos renais, há formação de cálculos de colesterol na vesícula e suas conseqüências: crises de cólicas e icterícia.

As fezes se tornam massas descoloridas, às vezes após súbita descarga de bile fezes amareladas e diarreicas.

Explicação dos sintomas urinários –

No rim normal há necessidade de excreção de uma carga osmótica de pelo menos 400 a 500 mosm/d representando o produto do metabolismo normal (uréia, ácido úrico e amônia), como a osmolaridade máxima da urina na pessoa normal é de 1200 mosm/kg é necessário um mínimo de 400ml para excretar esses dejetos.

A deficiência de combustão leva a um acúmulo de dejetos cíclicos em grande quantidade, a tal ponto que o organismo tem que fazer um esforço de eliminação compensatório. Haverá então um aumento na produção de urina (fenômeno aparentemente paradoxal), com alteração no metabolismo da água. Durante a degradação das nucleoproteínas há formação de ácido úrico que não se decompõe em uréia (pelo não rompimento da cadeia cíclica), como este é menos solúvel o organismo aumenta o metabolismo da água, para poder eliminar mais. Acaba eliminando junto uratos e fosfatos levando a uma desmineralização. Com esse aumento de trabalho o rim se torna doloroso e fatigado. Dores na região lombar e renal (dores musculares e ligamentares).

Essa alteração no metabolismo da água leva o indivíduo a se tornar um hidrogenóide, com as seguintes características – sede aumentada, aumento habitual da quantidade de urina, tendência a edemas e agravação pela umidade.

3. Estudo etiológico

1. Causalidades extrínsecasAdquiridas – Stress, sedentarismo. Auto intoxicação por excessos alimentares (carnes), bebidas alcoólicas, com precipitação de sais de ácido úrico e de ácido oxálico. 
2. Causalidades hereditáriasBiotipologias, Diáteses e Temperamento que mais se identificam com Berberis
• Temperamento – sangüíneo, biliar e atrabiliar.
• Biótipo
  • sulfúrico esclerótico por esta ter uma tendência de predomínio da supra-renal sobre as outras glândulas com hipercolesterolemia, hiperazotemia, com insuficiência hepática e esclerose renal, levando a quadros de auto intoxicação
  • carbônico – com tendência carbonitrogenóide e de predomínio da supra-renal com diminuição do metabolismo, levando a uma utilização incompleta dos nutrientes e conseqüente acúmulo de dejetos (cálculos), tendência à esclerose e ao hidrogenismo (retenção de água).
• Diátese
  • psoro artrítica na fase descompensada ou centrípeta, onde os distúrbios meramente funcionais cedem lugar aos bloqueios e aos ataques lesionais, com precipitação de dejetos (cálculos), esclerose arterial e de órgãos nobres como fígado e rins.
  • sicótica – pelo distúrbio no metabolismo da água levando a edemas, agravação pela umidade, alteração no volume urinário.
• Temperamento – sangüíneo passando a bilioso, atrabiliar.

Estudo clínico

• Infância – usado preferentemente quando há necessidade de drenagem em crianças com problemas de eczema e com bloqueio emunctorial. Berberis vai drenar suas toxinas para rins e intestinos melhorando a pele.

• Adultos – medicamento usado de preferência em adultos maduros (bíleo – sangüíneos), que apresentamos quadros de bloqueio e sobrecargas.

• Sintomas de cólicas biliares, nefréticas, com ou sem formação de cálculos.

• Dores articulares e musculares por depósitos de ácido úrico.

• Idosos – já sem capacidade de reação e eliminação pela esclerose renal e hepática, sintomas de gota (tofos) e artrite de longa duração.

Autor:

Aurora Tonglet de Castro Pereira