Protocolo Homeopático – Esclerose Lateral Amiotrófica

Protocolo Esclerose Lateral Amiotrófica 

Dr. William Brunelli de Souza

 

A esclerose lateral amiotrófica (ELA) é uma doença neurológica degenerativa, que faz parte de um grupo heterogêneo de patologias nas quais há o acometimento dos neurônios motores de todo o neuroeixo. Tem evolução fatal, não havendo, até o momento, cura para essa patologia.

 

As medidas terapêuticas existentes visam apenas minorar o sofrimento dos pacientes. Sua incidência é de cerca de 1 caso para cada 100.000 pessoas/ano. A maior parte dos casos (90%) é esporádica e 5% a 10% dos casos correspondem à forma familiar.

 

Baseada na Classificação Hahnemanniana de Doenças, aperfeiçoada por Carillo, a ELA se insere no Sifilismo ( ou diátese sifilínica), doença crônica de origem predominantemente intrínseca ao sistema, representando o modo reacional dinâmico do indivíduo, isto é, suas tendências mórbidas, agrupadas de forma sindrômica. Estudos já mostraram mutações pontuais na SOD 1 (gene produtor da Superóxido – dismutase) em 23 famílias com esclerose lateral amiotrófica herdada. Bem provável que há outras deficiências enzimáticas, predominantemente hepáticas, que dificultem a metabolização de substâncias ingeridas ou resultantes do processo de digestão tais como: álcool, aldeído, ésteres, ácido dianídrico e nitrobenzol, entre outras ( ELA esporádica – 90 % dos casos). Tais substâncias seriam as causas do stress oxidativo em ambos os tipos.

 

Etapas do tratamento homeopático:

 

1ª Etapa:

 

  1. Evita-se que um órgão lesionado seja sobrecarregado durante o incremento do funcionamento do organismo pelo tratamento homeopático, utilizando-se medicamentos equalizadores.
  • 1 – Plumbum metallicum: nas formas de ELA com paralisia progressiva de predomínio distal, arreflexia e hipotonia.
  • 2 – Conium maculatum: nas formas de ELA com paralisia progressivamente crescente e ascendente com comprometimento bulbar.
  • 3 – Lathyrus: nas formas de ELA com predomínio da hipertonia e hiperreflexia.
  • 4 – Cocculus indicus : nas formas de ELA com início em MMSS ou bulbar.
  • 5 – Physostigma: em todos os pacientes de ELA que apresentarem fasciculações – ação muscular.

O tempo de uso do(s) equalizador(es) irá depender da melhora clínica. Por se tratar de equalizadores do sistema nervoso central poderá demorar anos e certamente dependerão do tratamento sistêmico concomitante.

Deverá iniciar por 6 meses, sem o medicamento sistêmico, para evitar possíveis agravamentos homeopáticos por se tratar de lesão orgânica relacionada, no caso, o sistema nervoso central com a diátese tratada sifilinismo.

  1. Há medicamentos para melhoria dos emunctórios caso haja lesão orgânica relacionada ou bloqueio emunctorial.

 

FÍGADO

  • 1 Zincum metallicum: quando houver exames complementares que indiquem deficiência dissipativa hepática ou lesão orgânica relacionados a diátese sifilínica.
  • INTESTINOS
  • 1 – Selenium: obstipação com desejos ineficazes, com fezes duras e impactadas
  • 2 – Alumina: obstipação sem desejos, com fezes duras e/ou caprinas

 

O tempo de equalização nesses casos pode depender dos parâmetros laboratoriais ou clínicos. No caso do fígado será laboratorial e do intestino clínico. Geralmente o tempo nesses casos duram de 6 meses a 1 ano.

 

 

  1. O paciente relata sintomas que comumente desenvolve em seus quadros agudos, sendo previstos em sua prescrição, medicamentos adequados para estes quadros (circunstanciais).
  • 1 – Cajuputum: nos pacientes que apresentarem quadro de disfagia, com engasgos.
  • 2 – Guaco: pacientes com sintomas de acometimento bulbar (língua,laringe,faringe,trapézio).
  • 3 – Curare: pacientes da fase grave bulbar.

A utilização dos circunstanciais deverá ser usado todas as vezes que apresentar alguns desses sintomas.

Além desses possíveis quadros agudos que são mais frequentes nessa patologia. Poderá enquanto não introduz o medicamento sistêmico, utilizar circunstanciais conforme a necessidade emocional do paciente. A escolha desse medicamento deverá ser feita conforme a técnica de repertorização e utilizá – lo quando necessário. Evitando usar medicamentos com potenciais sistêmicos.

OBS: Todos os medicamentos dessa etapa deverão ser prescritos na potência 6 CH.

– 2ª Etapa:

  1. Inicia-se o tratamento sistêmico, visando em um primeiro momento a redução da velocidade do aparecimento de novos sinais / sintomas do quadro crônico.
  2. Com a continuidade do tratamento sistêmico, inicia-se o processo de recuperação de funções e/ou estruturas anteriormente afetadas. (Medicamento Sistêmico)

 

  • 1 – Aurum metallicum: Marcha vacilante, fraqueza nos membros inferiores, dores paralíticas, erráticas.

 

  • 2 – Causticum: Remédio das paralisias. Tremor interno ao se levantar depois de ficar sentado. Paralisia nos membros superiores. Tremor nas partes paralisadas. Fraqueza paralítica nos membros inferiores. Marcha vacilante, cai facilmente.

 

  • 3 – Gelsemium: Fraqueza paralitica de todo sistema muscular. Paralisias musculares, motoras, indolores. Falta de poder dos músculos. Tremores dos sistema muscular. Paresia ou paralisia da língua. Paralisia das cordas vocais.

 

  • 4 – Arsenicum album: Fraqueza nos membros pelo mínimo esforço. Paralisia nos membros inferiores, cãibras nas panturrilhas, caminhando ou na cama. Choques nos membros ao adormecer.

 

  • 5– Ignatia amara: Sensação de inabilidade e adormecimento dos braços. Não consegue se levantar. Fraqueza de membros inferiores. Sacudidas nas pernas. Tremores musculares isolados nos membros ao dormir.

 

  • 6 – Nux vômica: Tremores na mãos. Fraqueza nos ombros, braços e membros inferiores ao caminhar. Paralisia do membros superior com sacudidas.

 

  • 7 – Phosphorus: Fraqueza paralítica dos membros. Tremem pelo menor esforço. Paralisias indolores, principalmente mãos, dedos e pés. Fraqueza nos membros inferiores.

 

 

Todos esses medicamentos apresentam como padrão de organização a diátese sifilínica, além de possuírem tropismo para o sistema nervoso central.

O medicamento escolhido dependerá da similitude dos sintomas mentais, gerais e locais de cada paciente. Devendo usar a técnica de repertorização.

É optado por iniciar 6 meses após o início dos equalizadores para evitar possíveis agravamentos homeopáticos.

Caso ocorra algum agravamento, deverá ser suspenso o sistêmico e manter por mais 6 meses o(s) equalizador(es) e reintroduzir o sistêmico.

Deverá ser utilizado alternando a cada 15 dias.

 

OBS: Esses medicamentos iniciam na potência 6 CH e devem aumentar de 3 em 3 potência a cada 3 meses até a potência 30 CH, o qual retornam para a potência 6 CH.

 

Medicamento diatésico: Pode utilizar junto com a primeira e segunda etapa que agirá em todos os sistemas do padrão de organização que se pretende tratar focando principalmente nos sistemas frágeis:

 

  • 1 – Mercurius solubilis
  • 2 – Luesinum

 

A escolha desse medicamento dependerá de cada paciente. Caso paciente apresente sintomas da diátese sifilinica que não foram cobertos pelo medicamento sistêmico.

Deverá ser utilizado na potência 30 CH e utilizado 1 x por semana. O tempo de uso será feito até a melhora clínica.

 

Medicamento tautoterápico: Caso o paciente utilize medicamentos convencionais e apresente algum efeito colateral do medicamento alopático em uso ou não cessado após a suspensão do mesmo.

Deverá mandar manipular a medicação alopática na potência 6 CH e prescrito diariamente até melhora desses efeitos colaterais.

 

Medicamentos organoterâpicos: Com relação a ELA não há necessidade desse tipo de medicamento. Sua utilização poderá ser feita conforme a necessidade de cada paciente.

 

OBS: É padrão a utilização de 6 gotas por medicamento homeopático.

 

Espera-se que o tratamento homeopático possa oferecer melhora aos pacientes portadores de ELA participantes deste estudo, corrigindo deficiências e estimulando a criação de novos programas de ação nos sistemas funcionais do indivíduo.